A Arte como experiência profunda de Deus.

Queridos amigos,
Estava meditando um pouco sobre a arte na Igreja, tanto a arte religiosa como a sacra; me deparei com essa linda frase de nosso saudoso João Paulo II.

"Todos os artistas têm em comum a experiência da distância insondável que existe entre a obra de suas mãos, por conseguida que seja, e a perfeição fulgurante da beleza percebida no fervor do momento criativo: o que conseguem expressar no que pintam, esculpem ou criam é só um tênue reflexo do esplendor que durante uns instantes brilhou ante os olhos de seu espírito."

No mesmo momento me lembrei das inúmeras experiências em que fui agraciada com esse contato com o invisível em um momento criativo.
E por isso estou aqui para partilhar um pouquinho sobre essa verdade.
Existe outra frase de João Paulo II que diz assim:

“O artista vive uma relação peculiar com a beleza. Num sentido muito real pode dizer-se que a beleza é a vocação à que o Criador o chama com o dom do talento artístico.”

Todas as vezes que eu crio um quadro, uma pintura na parede, ou esculpo uma madeira, etc.. Eu faço minhas orações e sinto uma profunda comunhão com Deus Criador. É realmente aquela experiência de tocar o sagrado!

O momento criativo é algo que nos faz ter uma experiência com aquilo que estamos prestes a realizar, e muitas vezes a inspiração é muito maior do que conseguimos colocar para fora. Na verdade sinto como minha alma sendo um cálice; o que se materializa em arte é o que transborda de minha alma, porém o que fica ainda no cálice é algo tão pessoal e profundo que consegue ser transmitido apenas com a contemplação com a oração pessoal de cada contemplador, que com certeza viverá suas próprias experiências e também se transbordará.
A primeira capela que eu pintei me trazem lembranças marcantes de todas essas experiências, desde o primeiro momento enquanto em oração traçava os riscos do que seria o projeto final, já vivia em minha alma a presença criadora de Deus Pai e a ação comunicativa de Deus Espírito Santo. E no pensamento estava sempre Aquele pelo qual tudo foi criado: Jesus Cristo.

 Cada talhada na madeira para formar o pelicano trazia a memória do Cristo que deu sua carne para nosso alimento.

Cada anjo ou detalhe em uma parede trazia ao coração a presença e certeza do mistério e da corte celeste preparando aquele ambiente.

E foi assim também em muitos outros trabalhos. Até mesmo nos momentos em que eu estava apenas dando aula.
Lembro-me particularmente de uma vez que ajudando uma aluna e filha a pintar uma imagem do Imaculado Coração eu sentia reproduzir dentro de minha alma aquele olhar que me convidava a mergulhar no coração Imaculado da Virgem Maria.

E detalhe, a imagem nem estava pronta e muito distante daquilo que a artista desejaria, porém hoje com a imagem terminada ainda contemplo aquele olhar chamativo de um momento lá trás onde enquanto professora, participei de um momento criativo de um aluno.

Em alguns momentos a inspiração brotava em uma oração que nem era própria para a pintura, como quando uma vez rezando pelas famílias de minha comunidade senti que todas estariam amparadas pelo espírito do coração da Sagrada Família. A imagem da pintura veio clara na oração, e depois no momento oportuno representada em imagem.

Teria tantas experiências para contar a vocês sobre o quanto é gostoso pela arte tocar o invisível.
Mas vamos fazer isso aos poucos, até para que o excesso de informações não roube o brilho de cada momento.
Estou tendo uma experiência linda esses dias com a Virgem Maria em sua gestação, a Virgem Capela.
Se Deus quiser espero logo partilhar com vocês e também mostrar as fotos do fruto dessa experiência.
Fiquem com Deus, e que com a ajuda do Espírito Santo possamos transbordar no mundo um pouco da Beleza que conhecemos.
Paz e bem!