"Interroga a beleza da terra, interroga a beleza do mar, interroga a beleza do ar que se dilata e se difunde, interroga a beleza do céu... interroga todas estas realidades. Todas elas te respondem: olha-nos, somos belas. Sua beleza é um hino de louvor. Essas belezas sujeitas à mudança, quem as fez senão o Belo, não sujeito à mudança?"
Santo Agostinho

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Kalós, Belo, Bom e Verdadeiro


Kalós é uma palavra grega, muito utilizada antigamente no meio artístico, em especial nas artes sacras.

Essa palavra é uma tríade entre Beleza, Bondade e Verdade.

Em outras palavras, aquilo que representa uma verdade, utilidade, faz o bem, também se torna belo.

Dostoievski dizia que a Beleza salvará o mundo. A palavra beleza tem sua gênese ao sânscrito BET EL ZA (lugar onde Deus Brilha), em outras palavras a beleza é a expressão visível do bem. Sendo assim concluo que Dostoievsk tem razão, se deixarmos Deus brilhar em nós, com atos de bondade e verdade o mundo será muito melhor.

Após sua criação, onde o homem ainda não havia sido corrompido pelo pecado, Deus concluiu que tudo era bom (Genesis 1,31). Dessa forma Deus dá ao homem uma sacralidade, uma imagem e semelhança do Belo, da Bondade e da Verdade.

Existe uma lei natural em nós. A lei do amor, principiada na criação quando a Beleza de Deus se expandiu para a criação em diversas formas de presença. Em especial no homem Ele habitou e desejou brilhar, por isso fez do homem o dominador de toda a criação, como um guarda da beleza.

Hoje o mundo possui uma visão falsa de beleza, pode até existir uma beleza estética aos olhos carnais, mas que remonta apenas a um universo vazio, sem sacralidade, sem profundeza e verdade.

Quando olho uma foto das rugas de Madre Tereza de Calcutá ou lembro-me das mãos envelhecidas de minha avó segurando o rosário, aquelas imagens me remetem algo  muito além do estético. Existe uma verdade boa por trás de cada ruga, uma vida entregue a Deus, à família, ao trabalho. Dessa forma aquelas rugas se tornan lindas, belas... porque são boas e verdadeiras.

Quando fazia o quadro acima era esse o pensamento que me vinha: Como são lindas as rugas desta santa!

Hoje tudo é descartável, louças, talheres, moveis casas... Antigamente todo trabalho estava relacionado à arte enquanto serviço. Uma tina de barro feita pelas mãos do artesão tinha um objetivo bom e útil: reter a água. Uma mesa feita pelo carpinteiro trazia um conceito de reunir a família no momento da refeição. E todos os detalhes de uma colher, roupa, livro, traziam em si símbolos que os tornavam obras de arte, porque representam uma verdade.

Hoje as pessoas preferem muito mais o que é descartável e industrializado e pouco valor se dá a um trabalho de artesão.

Nós artistas cristãos precisamos redescobrir essa sacralidade, essa beleza simbólica não em um sentido pejorativo dado à palavra simbólica, mas no sentido etimológico de símbolo como aquilo que une, assim como diabolo é aquilo que separa. E isso se estende a todas as artes, desde uma dança a uma canção, o menor de nossos atos de arte deve ser um ato Belo enquanto lugar onde Deus brilha!

Vamos encher o mundo de Beleza, vamos Deixar Deus brilhar, salvar o mundo com a verdade da arte, o serviço gratuito ao bem e ao Belo!

Paz e bem!

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