Kalós é uma palavra grega, muito utilizada antigamente no meio artístico, em especial nas artes sacras.
Essa palavra é uma tríade entre Beleza, Bondade e Verdade.
Em outras palavras, aquilo que representa uma verdade, utilidade, faz o bem, também se torna belo.
Dostoievski dizia que a Beleza salvará o mundo. A palavra beleza tem sua gênese ao sânscrito BET EL ZA (lugar onde Deus Brilha), em outras palavras a beleza é a expressão visível do bem. Sendo assim concluo que Dostoievsk tem razão, se deixarmos Deus brilhar em nós, com atos de bondade e verdade o mundo será muito melhor.
Após sua criação, onde o homem ainda não havia sido corrompido pelo pecado, Deus concluiu que tudo era bom (Genesis 1,31). Dessa forma Deus dá ao homem uma sacralidade, uma imagem e semelhança do Belo, da Bondade e da Verdade.
Existe uma lei natural em nós. A lei do amor, principiada na criação quando a Beleza de Deus se expandiu para a criação em diversas formas de presença. Em especial no homem Ele habitou e desejou brilhar, por isso fez do homem o dominador de toda a criação, como um guarda da beleza.
Hoje o mundo possui uma visão falsa de beleza, pode até existir uma beleza estética aos olhos carnais, mas que remonta apenas a um universo vazio, sem sacralidade, sem profundeza e verdade.
Quando olho uma foto das rugas de Madre Tereza de Calcutá ou lembro-me das mãos envelhecidas de minha avó segurando o rosário, aquelas imagens me remetem algo muito além do estético. Existe uma verdade boa por trás de cada ruga, uma vida entregue a Deus, à família, ao trabalho. Dessa forma aquelas rugas se tornan lindas, belas... porque são boas e verdadeiras.
Quando fazia o quadro acima era esse o pensamento que me vinha: Como são lindas as rugas desta santa!
Hoje tudo é descartável, louças, talheres, moveis casas... Antigamente todo trabalho estava relacionado à arte enquanto serviço. Uma tina de barro feita pelas mãos do artesão tinha um objetivo bom e útil: reter a água. Uma mesa feita pelo carpinteiro trazia um conceito de reunir a família no momento da refeição. E todos os detalhes de uma colher, roupa, livro, traziam em si símbolos que os tornavam obras de arte, porque representam uma verdade.
Hoje as pessoas preferem muito mais o que é descartável e industrializado e pouco valor se dá a um trabalho de artesão.
Nós artistas cristãos
precisamos redescobrir essa sacralidade, essa beleza simbólica não em um
sentido pejorativo dado à palavra simbólica, mas no sentido etimológico de símbolo
como aquilo que une, assim como diabolo é aquilo que separa. E isso se estende a todas as artes, desde uma dança a uma canção, o menor de nossos atos de arte deve ser um ato Belo enquanto lugar onde Deus brilha!
Vamos encher o mundo de
Beleza, vamos Deixar Deus brilhar, salvar o mundo com a verdade da arte, o
serviço gratuito ao bem e ao Belo!
Paz e bem!